A Ilha de Santo Amaro
surge em sua atual forma no final da Era
Glacial, entre 20 e 0 mil anos, quando o Canal
de Bertioga e o Estuário de
Santos são abertos com a contínua
elevação do nível do Oceano Atlântico e
criam a atual ilha, a separando do continente.
Os primeiros habitantes
foram os homens dos sambaquis,
grupo humano seminômade que habitou o litoral sul/sudeste brasileiro após o
final da Era Glacial. Este povo vivia da coleta de moluscos, conchas, mexilhões
e demais alimentos marinhos, bem como alimentos vegetais e caça de pequenos
animais e peixes. Não conheciam a agricultura e seu único registro conhecido
são os montes de restos de conchas espalhados pelo litoral, chamados de
sambaquis. Em Guarujá, foram localizados sambaquis nas praias da Ilha do Mar Casado e Pernambuco.
Após a era dos
sambaquis, a ilha passa a ser visitada por grupos tupi, que deram o primeiro nome à
ilha: Guaibê (lugar de caranguejos) e também Guaru-ya (passagem estreita). Os tupis não
habitaram a ilha, permanecendo no entorno da Serra
do Mar e no Planalto Paulista, mas utilizavam a
ilha para a colheita de sal e pesca.
Em 22 de janeiro de
1502, os primeiros europeus pisaram na ilha. André Gonçalves e Américo
Vespúcio aportaram na praia de
Santa Cruz dos Navegantes, depois seguindo viagem à ilha de São Vicente.
A ilha, pantanosa e
acidentada, não atrai a atenção dos colonizadores portugueses, que preferem
centrar esforços na vizinha ilha de São Vicente, esta mais ampla e salubre e
contando com um acesso privilegiado ao Planalto Paulistano, através de trilhas
indígenas. Apesar do desinteresse, alguns colonos portugueses acabam se
instalando na costa ocidental de Santo Amaro, sobrevivendo de agricultura de
subsistência, pesca e reparos de embarcações utilizadas no estuário de Santos.
Em 1543, quando da
primeira divisão territorial brasileira, toda a região entre a ilha de Santo
Amaro e a barra do rio Juqueririê (futuros municípios de Guarujá, Bertioga e
parte de São Sebastião) é concedida a Pero
Lopes de Sousa por seu irmão Martim Afonso de Sousa, sob o nome de capitania de Santo Amaro. A capitania,
sem recursos naturais de importância e sem ligações com o Planalto, não se
desenvolve. As únicas ações visando ocupar o território são a construção dos fortes de São
João e São Filipe, destinados a proteção do
porto do Santos, uma beneficiadora de óleo de baleia no extremo norte da ilha, na
desembocadura do Canal de Bertioga e a ação de alguns grupos de jesuítas para a catequese de índios.
Durante toda a fase
colonial e imperial, a ilha não atrai atenção, sendo povoada apenas por colonos
pontuais e por pequenos sítios destinados a esconder escravos contrabandeados da África.
No fim do século XIX, o surgimento do turismo, o
desenvolvimento da economia
paulista e a existência de um
acesso ferroviário rápido e fácil entre o litoral e o Planalto Paulista, provocam um novo
interesse pela ilha de Santo Amaro.
Em 1892, surge a
Companhia Prado Chaves, que tem por finalidade a criação de uma vila balneária
na praia de Pitangueiras e a exploração do turismo na ilha. Para a vila, são
encomendados 46 casas de madeira nos Estados Unidos e um hotel de luxo,
contando inclusive com um cassino.
O hotel, batizado de La Plage,
foi também construído com a mesma madeira com que foram feitas as casas. Além
da vila, a Companhia construiu uma linha férrea ligando o estuário de Santos à
praia de Pitangueiras, e batizada de Tramway
do Guarujá, bem como o primeiro serviço regular de navegação entre Santos e
Guarujá.
O empreendimento é
inaugurado em 2 de setembro de 1893 e torna-se reduto da classe alta paulistana
durante o verão, inclusive com a presença do presidente do Estado e de seus
secretários. Esta data é também considerada a de fundação do município, quando
Guarujá foi promovida a Vila Balneária.
Em 1911, a Companhia é
adquirida pelo empresário norte-americano Percival
Farquhar, passando a se denominarCompanhia Guarujá. O novo Grand Hôtel de la Plage foi reinaugurado em 1912, tendo sido
um marco para o turismo de luxo no Brasil. O sucesso do hotel e a reputação do
Guarujá como destino de verão da classe alta paulistana levam a um contínuo
desenvolvimento da vila durante a primeira metade do século XX. Neste mesmo
hotel, em 1932, morreria o aeronauta e inventor brasileiro Alberto Santos Dumont, onde havia se
hospedado após sérios problemas de saúde.
Em 1923, a vila foi
transformada em distrito de paz e, em 30 de junho de 1926, o distrito
tornou-se prefeitura sanitária, separando-se de Santos.
A eletrificação foi
inaugurada a 11 de janeiro de 1925. Com a eletrificação da linha, bondes
elétricos passaram a circular,junto as locomotivas a vapor. Os equipamentos
usados na eletrificação foram fornecidos pela Siemens; as obras foram dirigidas
pelo engenheiro Ettore Bertacin, da Casa Siemens de São Paulo e tiveram duração
de oito meses. A subestação elétrica principal, que também abastecia o distrito
de Itapema, estava localizada "próximo das torres grandes da Companhia
Docas de Santos", recebendo a corrente em 40 000 volts e transformado-a a
6 600 volts. A subestação retificadora, que reduzia e retificava a corrente
alternada de 6,6 kV para 750 volts a ser usada na linha de contato, situava-se
no quilômetro quatro da via férrea, ou seja, próximo à metade de seu percurso,
no bairro da Conceiçãozinha.
Todo o material rodante
era de origem alemã, tendo sido produzido pelas firmas Siemens e M.A.N. - Maschinenfabrik Augusburg Nürnberg.
Foram adquiridos dois bondes de 106 HP, numerados #3 e #9, e uma locomotiva
elétrica de 106 HP para tracionar trens de carga. Esta máquina, com 18 t de
peso, tinha capacidade de tracionar trens de 47 toneladas de carga a uma
velocidade de 45 km/h.
Em 1930, esta empresa
adquiriu mais dois bondes da M.A.N., numerados cinco e sete e construiu um
ramal de três quilômetros até o Sítio Cachoeira para o transporte de carga, com
extensão aproximada de 2,5 km. O bonde #3 seria sucateado após um acidente
ocorrido na década de 1930.
Em 1931, a prefeitura
sanitária é extinta, com a reintegração da ilha ao território de Santos e
Guarujá volta a ter autonomia apenas em 30 de junho de 1934, no antigo status
de "prefeitura sanitária".
Com a deterioração da
estação férrea original do Guarujá construída em 1893 entre a praia e o Grande
Hotel, foi necessário se construir uma nova, e o local escolhido foi outro: o
antigo pátio de cargas do bonde, na avenida Leomil, a dois quarteirões da
praia. A 3 de julho de 1934 foi criada a Estância Balneária do Guarujá, evento
que motivou a realização de melhorias no serviço do Tramway do Guarujá.
Decidiu-se então construir uma nova estação e oficinas, localizadas agora na
Av. Leomil, a dois quarteirões da praia. Elas foram inauguradas a 21 de
dezembro de 1935. Com a inauguração do novo prédio o velho foi desativado e
demolido.
Os bondes foram
transferidos para a Estrada de
Ferro Campos do Jordão, na qual são usados até hoje, e uma de suas locomotivas
está exposta na avenida Leomil, em Pitangueiras, no Guarujá.
Em 1947 as prefeituras
sanitárias são extintas e Guarujá torna-se município de pleno direito.
O fim dos jogos de azar
no governo de Eurico Gaspar Dutra e a construção da via Anchieta, ligando a Baixada Santista a São Paulo modificam a ocupação da ilha. A antiga
vila balneária se adensa com a chegada de maiores quantidades de turistas e
novos moradores. Edifícios começam a surgir na orla de Pitangueiras e Astúrias e praias até então desertas, como Enseada, Pernambuco e a própria Perequê começam a ser visitadas.
Paralelamente, migrantes nordestinos migram para a ilha a procura de emprego,
se fixando na região do velho forte
de Itapema, dando origem ao distrito de Vicente
de Carvalho.
Entre as décadas de 1970
e 1980 Guarujá cresce descontroladamente. Toda a orla da cidade entre a praia
do Tombo e Pernambuco é ocupada por diversos loteamentos e edifícios, sem a
necessária contraparte de infraestrutura. O Milagre
Econômico dos anos 70, a
construção da Rodovia
Piaçagüera-Guarujá, ligando a ilha diretamente a Via Anchieta e em menor grau
as novas rodovias Rio-Santos e Mogi-Bertioga (possibilitando o acesso ao Vale do Paraíba e Litoral
Norte) provocam a explosão do turismo e da migração para a ilha. A qualidade
ambiental vai caindo, com a poluição das águas, a ocupação de áreas sensíveis
como morros e mangues e o número cada vez maior de turistas, moradores e
migrantes sobrecarregam o Guarujá.
Um dos principais pontos
de referências da cidade do Guarujá é o Morro do Maluf, entre as praias das
Pitangueiras e da Enseada. Só que não tem nada a ver com a família Estéfano ou
com os Maluf. O morro pertencia a Edmundo Maluf, industrial em São Paulo,
solteiro, que tinha casa na ladeira do morro e dava festas memoráveis que
agitavam os fins de semana do Guarujá.
A situação se torna
crítica no final da década de 1980 e início de 1990, quando milhões de turistas
visitam a ilha todos os verões, provocando o colapso da infraestrutura do
Guarujá, com cortes de eletricidade, falta de água e poluição das praias.
Extensas áreas do município são ocupadas por favelas, habitadas pelos migrantes
em buscas de novas oportunidades e a criminalidade toma corpo. O cenário
caótico leva a uma profunda crise no turismo e na economia do Guarujá, que
perde turistas e investimentos para o Litoral Norte e até mesmo para outras
cidades da Baixada Santista.
A segunda metade da
década de 1990 vê uma recuperação progressiva do balneário, com investimentos
em saneamento, habitação, infraestrutura e até mesmo efeitos benéficos da
divisão do total de turistas com outras regiões, causando menor
sobrecarregamento na cidade. Paulatinamente a cidade começa a receber novos
investimentos e começa a desenvolver o turismo de negócios e a prestação de
serviços, visando a expandir sua base econômica e se tornar menos dependente do
turismo sazonal.
Fonte: Site: www.wikipedia.org
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